Salto | II 'Semana do Barrosão' (Abertura)

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A II "Semana do Barrosão" está de porta aberta todo este fim de semana na vila de Salto, concelho de Montalegre. Para os apreciadores da raça barrosã o convite é irrecusável. Não só podem comer, com o carimbo habitual de qualidade, como observar o muito trabalho que vem sendo desenvolvido por gente que não verga às dificuldades. O presidente do município, na sessão inaugurativa do evento, explicou as razões que justificam este cartaz: «porque está sob a ameaça das carnes "low cost" que invadem o mercado nacional, importadas sabe-se lá de onde e que, chegam à mesa dos portugueses ao mesmíssimo preço das carnes de qualidade por nós produzidas, do que resulta deixarem os agricultores do Barroso em precaríssimas condições; porque falamos de uma marca comercializada pela certificação DOP e cujo processo de valorização e de afirmação comercial estratégica importa implementar por forma a que a marca seja protegida dos abusos ou banalizações vulgarmente encontrados Portugal abaixo e a alavanquemos como seguro de vida dos produtores envolvidos na sua criação; porque é também esta a forma de o Município homenagear os bravos e resistentes produtores de Salto que nunca optaram por espécies de crescimento rápido e consequentemente de proventos e proveitos acrescidos».

 

 

Os "porquês" alavancados por Orlando Alves ajudam a compreender alguma amargura que o edil fez questão de ressalvar quando interrogado sobre a importância desta nova aposta do executivo: «estamos perante um ato de reconhecimento e de valorização de um produto endógeno que foi pontapeado e ignorado ao longo dos anos». O desenvolvimento dos territórios, explica o autarca, «faz-se a partir da valorização dos produtos locais, como a batata, o fumeiro, os produtos hortícolas aliados à boa gastronomia, ambiente e paisagem». Daí que, sustenta Orlando Alves, «toda a carne produzida em Montalegre, pela forma como é alimentada, só tem que ser de excelente qualidade».

 

 

Orlando Alves saiu de novo em defesa deste símbolo barrosão a ponto de o equiparar ao Castelo de Montalegre: «não podemos ignorar que uma raça autóctone tem a mesma representatividade e importância que tem um dos símbolos maiores da nossa terra que é o castelo de Montalegre. Se víssemos o Castelo a ser invadido íamos defendê-lo e se vemos a raça barrosã ameaçada de extinção, também temos que valorizá-la e defendê-la». No mesmo tom, o presidente da Câmara de Montalegre prometeu dinheiro para preservar este emblema: «vamos financiar o nascimento de vitelos desta raça. É património de Barroso, é identidade barrosã e é para manter isso que servem os autarcas».

 

 

«Esta é uma terra que tem vários problemas e várias potencialidades, como todas. Há aqui um problema de desertificação mas também grandes oportunidades de desenvolvimento. Queremos que os empreendedores, que querem investir e criar o seu próprio emprego, tenham ajudas do novo quadro comunitário "Portugal 2020". Não podemos ficar à espera que venham outros resolver os nossos problemas. Eu acredito, e o Governo também, que todas as terras do país têm riquezas próprias que devem aproveitar. No caso daqui, a carne e os enchidos são excecionais. O segredo é valorizá-los e isso aumentará o valor de quem trabalha. Trabalham duramente e, por isso, mereciam ser melhor pagas. É preciso arranjar técnicas de marketing e circuitos comerciais para valorizarem os produtos que têm. Estão no bom caminho. Percebe-se que há uma preocupação da Câmara Municipal com a economia da região. Estamos numa fase em que as infraestruturas estão quase todas feitas e temos que nos preocupar em por mais dinheiro no bolso das pessoas. É preciso criar mais empregos e melhorar os salários de quem está empregado. Uma das soluções é cada um criar o seu próprio emprego. Os jovens devem ser estimulados a fazê-lo e há ajudas públicas para isso. Nesta zona de minifúndio é preciso aumentar as áreas para que haja rentabilidade. É um processo difícil que mexe com a propriedade e é preciso unir esforços e vontades. Há fundos públicos mas é preciso que haja vontade para beneficiarem deles».

 

«É um evento ainda menino que está a dar os primeiros passos mas que tem os ingredientes necessários para que resulte bem neste local. A freguesia de Salto é o solar e o paraíso da nossa raça barrosã. É aqui que temos os grandes produtores, que têm um grande carinho por esta raça autóctone e que nós temos a obrigação de apoiar porque é uma grande fonte de riqueza. Este evento afirma o consumo desta carne nos restaurantes do concelho que também deveria ser mais acarinhada pela hotelaria. Este produto, por si só é argumento suficiente para que os visitantes se desloquem ao nosso concelho. É pena a raça ter poucos exemplares. Somos crentes de que pode ter outras utilizações. O presunto de vitela é uma realidade na vizinha Espanha e porque não o mesmo desta raça autóctone. Seria mais uma oportunidade de negócio. Os artesãos, os produtores de mel, compotas e licores têm aqui mais um palco de mostra e contactos, para que este país saiba que neste território há vida, há qualidade e produtos que podem crescer».

 

«Este é um acontecimento que deve mobilizar todo o concelho. Esta raça identifica-nos e é uma mais-valia para o nosso território. Louvo os criadores que em detrimento do lucro fácil e rápido, continuam a lutar pela manutenção desta carne que é excelente e reconhecida em todo o lado. É evidente que não pode ser vendida ao mesmo preço de uma carne de qualidade inferior. Louvo o esforço, o empenho, a dedicação dos produtores e que continuem porque têm pessoas com quem devem contar. Devemos todos apostar na preservação desta raça consumindo esta carne. Além disso, é um animal que fica muito bem nas nossas paisagens, é um produto nosso e de uma excelência ímpar».

 

«Estamos muito satisfeitos com esta iniciativa do município de promoção da raça barrosã. Esperamos ter muitos visitantes nestes três dias que procurem nos restaurantes e talhos locais a carne barrosã. Salto está mais uma vez nas bocas do Mundo».

 

«Felicito a Câmara por esta iniciativa. Há muito tempo que Salto merecia destaque como solar da raça barrosã. Estou muito satisfeito pela maneira como este evento está organizado e pelo contributo que dá à divulgação da raça barrosã. É uma satisfação podermos colaborar com a organização».

 

«É uma justa homenagem à raça barrosã mas principalmente aos seus criadores. São pessoas que continuam a lutar e a defender esta raça autóctone. Estas iniciativas são importantes e estão a dar os seus frutos».

 

«É uma grande iniciativa da Câmara Municipal de Montalegre e que deve continuar nos próximos anos. É uma maneira de promover a raça e ajudar os produtores do concelho e, com isso, aumentar o efetivo e o rendimento dos agricultores. Faz todo o sentido que tudo isto aconteça em Salto».

 

«Esta "Semana do Barrosão" vem no seguimento de tantas outras iniciativas a que o município de Montalegre nos tem habituado. Acho que é um exemplo paradigmático daquilo que é possível fazer nas "tais" terras de baixa densidade. Montalegre habituou-se a não vir ninguém de fora dar-lhe nada e a construir tudo com as coisas que a terra tem. Montalegre é um exemplo para o distrito e a nível nacional. Os eventos mostram que desde que exista criatividade, vontade, empenhamento, esforço e trabalho é possível fazerem-se coisas que outras terras de maior densidade não têm. Este evento é mais um exemplo daquilo que é possível fazer no interior e daquilo que Montalegre tão bem sabe fazer».

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